“Esquinas”, o quarto álbum autoral da dupla Anavitória, lançado em 12 de dezembro de 2024, marca um novo capítulo na carreira das artistas. Com 12 faixas inéditas, o álbum reflete a evolução tanto musical quanto lírica da dupla, que, ao longo dos dez anos de parceria, tem se distanciado do estilo folk que as consagrou em seu início. A produção de “Esquinas”, que envolveu colaborações com Janluska, Pege e outros, traz uma sonoridade mais ousada e complexa, buscando um equilíbrio entre o pop e experimentações sonoras. No entanto, o disco ainda preserva a identidade intimista e reflexiva que caracteriza Anavitória.
O álbum exibe letras profundas, focadas em temas existenciais e na busca por liberdade e autodescoberta, como pode ser observado na faixa “Doce futuro”. Embora a dupla tenha explorado uma sonoridade mais madura, “Esquinas” mantém uma aura de simplicidade e autenticidade. Entre as composições, destaca-se a melodia de “Água-viva”, que se apresenta como um possível sucesso popular, e a abertura do disco com “Se eu usasse sapato”, uma faixa que quebra as expectativas ao apresentar um anti-pop ousado. No entanto, a recepção crítica aponta uma certa desconexão entre a profundidade das letras e a suavidade do canto, o que pode ter limitado o impacto emocional do álbum.
Apesar de algumas faixas soarem mais longas do que realmente são, “Esquinas” é um trabalho que expõe a maturidade artística da dupla. As colaborações com artistas como João Ferreira e Jorge Drexler indicam o desejo de expandir seus horizontes musicais, mas a falta de sintonia total entre o tom doce das vozes e a densidade das letras é um ponto de crítica recorrente. Ainda assim, o álbum é um reflexo claro da busca de Anavitória por novos caminhos e sonoridades, consolidando sua trajetória e sugerindo que, para elas, o caminho a seguir é sempre em frente.