A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Fiocruz divulgaram um posicionamento contrário ao uso de drones para a pulverização de agrotóxicos, em defesa da Lei nº 16.820/19, sancionada pelo governo do Ceará, que proíbe essa prática no estado. A liberação do uso de drones para essa finalidade tem sido discutida na Assembleia Legislativa do Ceará, gerando preocupações por parte de especialistas sobre os impactos à saúde e ao meio ambiente. As duas entidades destacam que existem amplas evidências científicas que comprovam os riscos dessa prática, como danos à saúde humana e à biodiversidade.
Estudos e dossiês divulgados pelas entidades alertam para os efeitos nocivos dos agrotóxicos, incluindo intoxicações agudas e crônicas, câncer, malformações congênitas e desregulação endócrina. A prática de pulverização aérea tem afetado diretamente comunidades rurais, como é o caso da Chapada do Apodi, no Ceará, e de várias regiões do Maranhão, onde há um aumento substancial na contaminação por agrotóxicos. De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra, a contaminação nas comunidades rurais do Maranhão aumentou significativamente em 2024, e a maior parte dos casos está associada ao uso de drones.
As entidades enfatizam a urgência de políticas públicas que priorizem alternativas mais seguras e sustentáveis, como o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara) e a promoção da agroecologia. Elas defendem que essas ações são essenciais para a proteção da saúde das populações rurais e a preservação ambiental, especialmente diante da crise climática. Para Abrasco e Fiocruz, a aprovação de políticas que reduzam o uso de agrotóxicos é uma prioridade em qualquer esfera de governo, considerando os riscos crescentes à saúde pública e ao meio ambiente.