Cerca de sete meses após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, especialmente Porto Alegre, a prefeitura da capital enfrenta os desafios de gestão de resíduos deixados pelas águas. Foram recolhidas 180 mil toneladas de lixo, das quais 130 mil já foram destinadas a aterros sanitários e 50 mil ainda aguardam encaminhamento. Esses resíduos equivalem a 146 dias de trabalho do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), que diariamente recolhe cerca de 1.780 toneladas de resíduos na cidade, incluindo recicláveis e rejeitos. A crise evidenciou a importância de fortalecer a coleta seletiva e a separação de resíduos, áreas nas quais Porto Alegre já foi referência nacional.
O impacto das enchentes também prejudicou a infraestrutura de triagem, com 8 dos 17 pontos de triagem alagados por meses, dificultando a operação. Apesar disso, a coleta seletiva na cidade apresenta resultados acima da média nacional, com 6% dos resíduos sendo reciclados, em comparação com os 2,7% do país. Contudo, cerca de 40,5% de materiais recicláveis ainda são destinados a aterros sanitários, representando um desperdício de recursos e aumento de custos. O diretor do DMLU destaca a necessidade de maior conscientização pública e colaboração para reforçar a segregação de resíduos, minimizando os impactos ambientais e econômicos.
Além dos desafios logísticos, o trabalho de limpeza mobilizou cerca de 4 mil trabalhadores e contou com investimentos de R$ 200 milhões para remoção de resíduos, recuperação de calçadas e limpeza urbana. A última grande operação ocorre no bairro Sarandi, uma das áreas mais afetadas, onde os resíduos acumulados serão enviados para aterros em cidades da região metropolitana. A normalização dos serviços começou a ser percebida em agosto, mas os eventos ressaltam a necessidade de melhorias na gestão de resíduos e na preparação para desastres ambientais na região.