Em audiência pública na Comissão de Educação, especialistas discutiram a possível distorção do material didático brasileiro em relação ao agronegócio, apontando que ele poderia estar prejudicando a formação dos estudantes. De acordo com os debatedores, muitos livros didáticos apresentam uma visão negativa do setor agropecuário, com afirmações sem embasamento científico. Um levantamento mostrou que, de 345 menções ao agronegócio, 87,8% eram opiniões sem base científica, enquanto apenas 3,5% eram fundamentadas em estudos. Essa situação foi vista como uma forma de desinformação que poderia influenciar negativamente a percepção dos alunos sobre o agronegócio, fundamental para a economia brasileira.
O senador que solicitou a audiência, Zequinha Marinho, afirmou que o uso do sistema educacional para criar uma imagem negativa do agronegócio comprometeria a formação de cidadãos e a compreensão sobre um setor crucial para o país. Para ele, a falta de clareza e transparência nos processos de seleção do conteúdo didático contribui para um cenário de desinformação. Especialistas também questionaram o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), sugerindo melhorias na avaliação dos materiais e maior envolvimento de técnicos especializados para garantir que os conteúdos reflitam uma visão mais precisa e equilibrada sobre o agronegócio.
A representante do Ministério da Educação (MEC), Raphaella Rosinha Cantarino, destacou que o PNLD segue os parâmetros da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e que o processo de escolha dos materiais é realizado com amplo diálogo. Ela se mostrou disposta a revisar os dados apresentados e a discutir possíveis erros nos livros didáticos, ressaltando que o MEC está sempre aberto a ajustes no processo de seleção de conteúdo. Ao mesmo tempo, foi cobrada maior atenção para evitar que o uso de recursos públicos influencie negativamente a formação dos estudantes, principalmente em relação a setores estratégicos como o agronegócio, essencial para a segurança alimentar global.