Economistas e parlamentares participaram de um seminário na Câmara dos Deputados para discutir o pacote fiscal proposto pelo governo, com foco nas novas regras para o controle de gastos públicos. Durante o evento, foi destacada a incompatibilidade do teto de gastos com a manutenção de direitos sociais e a valorização do salário mínimo. Representantes de instituições como o Instituto de Finanças Funcionais para o Desenvolvimento e da Comissão de Legislação Participativa defenderam alternativas ao pacote fiscal, sugerindo a revogação do teto de gastos como medida para garantir a continuidade do financiamento de áreas essenciais como saúde e educação.
A deputada Sâmia Bomfim e outros parlamentares do PSOL destacaram a necessidade de discutir as implicações do pacote, especialmente em relação ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinado a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, e à política de valorização do salário mínimo. A preocupação central é que as mudanças propostas possam prejudicar a população mais vulnerável, que depende desses benefícios para a sua sobrevivência, além de comprometer os pisos constitucionais de saúde e educação.
Além das críticas ao pacote fiscal, especialistas também se manifestaram contra a alta das taxas de juros, que, segundo eles, agravam a situação fiscal do país e aumentam a dívida pública. Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas, alertou que a manutenção das altas taxas de juros, combinada com a desvalorização do real, pode gerar a necessidade de novos cortes de gastos, prejudicando ainda mais os direitos sociais. O economista José Luiz Pagnussat, por sua vez, enfatizou o impacto negativo da recente elevação da taxa de juros sobre as finanças públicas, com um custo adicional de cerca de R$ 90 bilhões em gastos.