Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, destaca que a chave para resolver os problemas econômicos do Brasil não está em cortes de gastos imediatistas, mas em encontrar maneiras de estabilizar o crescimento da dívida pública. Em entrevista, ele afirmou que o país não enfrenta grandes desequilíbrios microeconômicos, mas sim um problema macroeconômico relacionado à questão fiscal, que afeta também outros países. A solução, segundo o economista, passa por controlar as despesas obrigatórias nos próximos anos, evitando medidas que fragilizariam ainda mais as contas públicas e a credibilidade do governo.
Almeida também considera que a agenda do governo de reduzir benefícios tributários e isenções fiscais é um passo positivo, apoiado por especialistas em gastos públicos. Ele acredita que a redução dos regimes especiais é fundamental para o reequilíbrio fiscal do país. No entanto, o economista aponta que o cenário econômico de 2025 será desafiador, com crescimento mais lento devido à inflação elevada, ao câmbio instável e aos juros altos, que impactarão o crédito, o consumo e a atividade econômica como um todo.
Apesar de identificar caminhos corretos para a recuperação fiscal, Mansueto expressa preocupações quanto à falta de apoio político no Congresso para implementar essas medidas. Ele destaca que a incerteza no ambiente econômico torna difícil prever o preço real dos ativos brasileiros, complicando ainda mais a análise do cenário. Para ele, o maior risco é a falta de uma ação coordenada e firme para controlar os gastos públicos, o que poderia resultar em uma perda de confiança na economia do país.