O crescimento econômico do Brasil tem mostrado resultados positivos recentemente, mas especialistas destacam preocupações com desequilíbrios que podem afetar o futuro da economia. Em entrevista, a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), enfatizou a importância de considerar as perspectivas de longo prazo. Segundo ela, o crescimento acima do potencial econômico, sem o devido aumento da capacidade produtiva, pode gerar pressões inflacionárias e desequilíbrios, o que levaria à necessidade de medidas corretivas, como o aumento das taxas de juros.
Matos alertou que, embora o Brasil esteja experimentando um crescimento, este pode não ser sustentável no médio e longo prazos. Ela destacou que o crescimento da economia está sendo impulsionado principalmente pela demanda interna e pelo consumo, um cenário diferente do ano passado, quando setores como a agropecuária e a indústria extrativa desempenharam um papel fundamental, especialmente devido à forte demanda externa. A economista apontou que o consumo está crescendo a um ritmo superior ao do PIB, o que sinaliza que a economia não tem capacidade para manter esse ritmo de crescimento.
Além disso, a economista destacou os riscos de um crescimento econômico insustentável, que poderia resultar em aumento da inflação, afetando especialmente as camadas de renda mais baixa da população. Para ela, é crucial que o Brasil concentre esforços em aumentar sua capacidade produtiva, o que permitiria uma expansão econômica mais equilibrada e sem gerar pressões inflacionárias, garantindo um crescimento mais estável e menos volátil no futuro.