O dólar à vista iniciou a semana em alta no mercado doméstico, fechando em nível recorde pelo quarto pregão consecutivo. A moeda americana se beneficiou tanto de um aumento nos prêmios de risco relacionados à situação fiscal brasileira quanto do fortalecimento global do dólar, impulsionado pela política externa dos Estados Unidos. A possível imposição de tarifas de 100% a países do Brics, caso o bloco tente substituir o dólar nas negociações internacionais, prejudicou moedas de mercados emergentes. Além disso, o enfraquecimento do euro, relacionado à crise orçamentária na França, também contribuiu para a valorização do dólar.
O real, que apresentou uma queda inicial, manteve-se em alta durante o restante do dia e fechou cotado a R$ 6,0680, marcando um avanço de 1,11%. Esse foi o quinto pregão seguido de valorização da moeda americana, acumulando uma alta de 4,52% no período. Em relação ao início do ano, o dólar já se aprecia 25,03% frente ao real. O economista Luciano Costa destacou que a frustração com o pacote fiscal do governo e as incertezas sobre a reforma tributária, que deve ser apreciada apenas em 2025, ainda impactam negativamente a moeda brasileira.
O governo brasileiro, por sua vez, tenta lidar com as pressões fiscais. O presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda e outros líderes políticos para discutir o andamento do pacote fiscal, com a promessa de celeridade na sua análise no Congresso. No entanto, especialistas como Costa apontam que, apesar das declarações de medidas de contenção de gastos, o governo ainda enfrenta dificuldades para gerar resultados fiscais positivos, o que pode continuar pressionando o real. A falta de confiança no cumprimento das metas fiscais e os desafios para equilibrar as contas públicas continuam sendo os principais fatores de volatilidade para o mercado de câmbio.