O mercado cambial brasileiro acompanhou a valorização do dólar frente às moedas de economias emergentes nesta sexta-feira, influenciado por dados econômicos frágeis da China e pelo aumento dos juros dos Treasuries americanos. No Brasil, fatores técnicos relacionados à rolagem de contratos futuros e remessas ao exterior de lucros e dividendos também pressionaram o câmbio. Apesar da desaceleração do IPCA-15 em dezembro aliviar levemente as expectativas de juros, a percepção de riscos fiscais e o avanço de serviços subjacentes mantiveram o cenário desafiador.
Além do contexto global, a persistência de um mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego em 6,1%, reforçou a necessidade de postura firme do Banco Central para conter a inflação. No entanto, a perspectiva de juros elevados no Brasil não trouxe suporte significativo ao real, dado o aumento da percepção de riscos fiscais. A crise política no Congresso, agravada pelo impasse nas emendas parlamentares, colocou em dúvida a capacidade do governo de aprovar medidas econômicas importantes, incluindo o orçamento para o próximo ano.
Economistas apontaram que a combinação de dominância fiscal e incertezas sobre o ajuste das contas públicas continuará pressionando o câmbio. Sem ações fiscais robustas para estabilizar a dívida pública, a tendência é de que o dólar se mantenha em alta. A falta de liquidez do Banco Central no mercado contribuiu para que o real acompanhasse o desempenho de outras moedas emergentes, destacando a influência das políticas externas e a cautela dos investidores diante do cenário interno.