O dólar encerrou a segunda-feira (23) em alta de 1,86%, cotado a R$ 6,184, após duas sessões consecutivas de queda. A valorização da moeda americana reflete a insatisfação do mercado com o pacote fiscal aprovado pelo Congresso na semana passada, que não foi visto como suficiente para equilibrar as contas públicas. O desempenho do dólar também está sendo impactado pela revisão para baixo da economia fiscal nos próximos anos, de R$ 52 bilhões para R$ 43 bilhões, bem abaixo da meta inicial do governo. Além disso, o índice da Bolsa de Valores fechou em queda de 1,09%, e as taxas de juros futuros subiram, especialmente o contrato para janeiro de 2026, que avançou de 14,903% para 15,215%.
No cenário interno, a desconfiança com a política fiscal do governo e a falta de novas intervenções do Banco Central (BC) têm pressionado a alta do dólar e a elevação das taxas de juros. Desde o início de dezembro, o BC já injetou US$ 27,77 bilhões no mercado cambial para tentar controlar a valorização da moeda americana, com um novo leilão de até US$ 3 bilhões programado para a próxima quinta-feira (26). Essa falta de confiança é alimentada pela percepção de que as medidas fiscais adotadas não serão suficientes para garantir a saúde fiscal do país no longo prazo.
Em relação ao cenário externo, a alta do dólar também foi impulsionada por rendimentos elevados dos Treasuries dos Estados Unidos, após a indicação do Federal Reserve de possíveis cortes moderados nos juros no país. O Boletim Focus, divulgado recentemente, também contribuiu para um clima de pessimismo, ao apontar uma elevação nas expectativas de inflação e juros no Brasil. A projeção do IPCA para 2024 subiu para 4,91%, bem acima da meta oficial de 3%, o que aumenta as preocupações sobre o equilíbrio da economia brasileira. A volatilidade no mercado é esperada para os próximos dias, especialmente com o recesso do Congresso e a baixa liquidez do mercado devido às festas de fim de ano.