O Banco Central do Brasil realizou a maior intervenção no mercado cambial desde o início do regime de câmbio flutuante para conter a valorização do dólar em dezembro. Apesar de ter suavizado o aumento da moeda americana, o real fechou 2024 como a segunda moeda mais desvalorizada entre as emergentes, com o dólar acumulando alta de 27,34%. A atuação do BC incluiu leilões à vista que totalizaram um recorde de US$ 21,575 bilhões no mês, superando intervenções históricas como as de março de 2020, durante o início da pandemia de covid-19.
Mesmo com a intervenção, a pressão no mercado cambial foi elevada devido à incerteza em torno de medidas fiscais do governo, como a isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil, cuja compensação orçamentária segue incerta. Além disso, o cenário político com foco na votação do orçamento de 2025 contribuiu para a volatilidade do mercado. A estratégia do BC buscou equilibrar o impacto sem interferir diretamente na formação da taxa Ptax, mas analistas avaliam que os esforços pouco alteraram a dinâmica de valorização do dólar.
A valorização do dólar não foi um fenômeno restrito ao Brasil. A divisa americana avançou expressivamente em relação a várias moedas emergentes, incluindo o peso argentino, o rublo e a lira turca. O contexto global, marcado pela política monetária apertada nos Estados Unidos e por surpresas como o aumento de juros no Japão, aumentou o custo das operações de carry trade e pressionou moedas emergentes. No acumulado do ano, o índice DXY subiu 6,6%, refletindo a força do dólar em 2024.