O mercado financeiro brasileiro vive um período de volatilidade, com o dólar mantendo uma trajetória de valorização. Na véspera, a moeda norte-americana recuou para R$ 6,12 após o Banco Central do Brasil intervir com leilões para conter a desvalorização do real. Em um movimento extraordinário, o BC tem realizado operações de venda de dólares, que já somam quase US$ 28 bilhões desde o dia 12 de dezembro. Além disso, o cenário fiscal continua a gerar preocupação, principalmente em relação ao pacote de corte de gastos proposto pelo governo federal, que não tem sido visto como suficiente para equilibrar as contas públicas e conter o avanço das despesas.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, apresentou leve alta no último dia, mas ainda acumula perdas expressivas no mês e no ano. A instabilidade econômica interna é amplificada pela falta de clareza quanto às ações fiscais do governo. Apesar de o Congresso avançar em algumas propostas de controle de gastos, como a limitação do aumento do salário mínimo e a reestruturação de programas sociais, analistas temem que as medidas não sejam eficazes o suficiente para controlar o déficit público. O governo enfrenta uma pressão crescente para sinalizar de forma mais contundente uma política fiscal responsável.
Além dos desafios domésticos, o mercado também acompanha as repercussões externas, como a recente reunião do Federal Reserve (Fed), que decidiu reduzir os juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual. Embora essa decisão tenha sido antecipada, a incerteza sobre a futura política econômica norte-americana, especialmente diante da possível reeleição de Donald Trump, gera especulações sobre seus impactos globais, incluindo no Brasil. A expectativa é que juros mais baixos nos EUA possam tornar os títulos brasileiros mais atraentes, mas também pode acirrar a pressão sobre o câmbio, com possíveis efeitos inflacionários no curto prazo.