O dólar iniciou a semana com alta firme no mercado local, atingindo um pico histórico de R$ 6,0986, apesar das intervenções do Banco Central, que realizaram leilões de venda de divisas e de linha, totalizando US$ 4,628 bilhões. A moeda americana se valorizou pela terceira sessão consecutiva, pressionada por incertezas fiscais no Brasil, especialmente em relação ao risco de desidratação das medidas de contenção de gastos no Congresso, e pelo movimento de remessas de dólares ao exterior por empresas e fundos. A expectativa de um possível enfraquecimento das ações fiscais do governo também contribuiu para o aumento da percepção de risco, refletida na busca por proteção cambial.
A deterioração das expectativas de inflação, indicada pelo Boletim Focus, e as declarações críticas sobre a taxa de juros feitas pelo presidente geraram mais apreensão entre investidores. A medida de alta da taxa Selic pelo Copom também não foi suficiente para reverter o movimento de alta do dólar, com a divisa fechando a R$ 6,0934 no final do dia. Além disso, o mercado se mostrou atento ao risco fiscal, principalmente com a iminente votação das medidas de contenção de gastos no Congresso antes do recesso parlamentar, que começa em 23 de dezembro.
O Banco Central, em sua tentativa de conter a alta do dólar, anunciou leilões de recompra e de venda de divisas à vista, visando aliviar a pressão no câmbio. No entanto, o cenário de demanda reprimida por divisas neste fim de ano, junto à incerteza sobre as reformas fiscais, continua a pesar sobre a moeda. A expectativa é de que as discussões sobre o pacote fiscal e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) sigam sua tramitação no Congresso até o final do ano, embora a definição sobre as medidas de contenção de gastos permaneça indefinida, refletindo o clima de incerteza que influencia a dinâmica do mercado cambial.