Após dois dias consecutivos de queda, o dólar à vista registrou forte valorização nesta segunda-feira (23/12), fechando a R$ 6,18, o segundo maior valor nominal da história. A moeda americana foi impulsionada por um fortalecimento global e pela saída de recursos do Brasil, característicos do fim de ano. O Banco Central não realizou intervenções diretas no mercado, limitando-se à rolagem de swaps cambiais. Apesar de uma postura moderada do governo, o real teve o pior desempenho entre as moedas de mercados emergentes, afetado principalmente pela insegurança fiscal e a piora nas expectativas de inflação, conforme apontado no Boletim Focus.
A desidratação do pacote de contenção de gastos aprovado pelo Congresso e a incerteza sobre a capacidade do governo de implementar novas medidas de austeridade geram apreensão nos mercados. A fragilidade fiscal e o risco de não cumprimento das metas fiscais para os próximos dois anos resultaram em um aumento dos prêmios de risco e na manutenção de um cenário de câmbio elevado. Além disso, a expectativa de maior dificuldade na articulação política, especialmente após a suspensão das emendas de comissão, também pesa sobre o real. O dólar, que atingiu R$ 6,2010 durante o dia, acumulou uma alta de 1,86% no encerramento da sessão.
A saída de dólares do Brasil em dezembro atingiu um recorde histórico de US$ 14,7 bilhões entre os dias 2 e 19, com fatores como o pagamento de dividendos maiores devido ao crescimento econômico e receios sobre mudanças tributárias impulsionando essa movimentação. O Banco Central já injetou US$ 27,76 bilhões no mercado em dezembro, com leilões à vista representando uma parte significativa dessa ação. Apesar das intervenções, a avaliação é de que, enquanto persistirem as incertezas fiscais, o cenário para o real permanece desfavorável no curto prazo.