A desvalorização do real e as incertezas fiscais no Brasil, exacerbadas por temores relacionados à política econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, têm levado investidores brasileiros a transferir recursos para o exterior, especialmente para os Estados Unidos. O fortalecimento do dólar, impulsionado pela possível volta de Donald Trump à presidência, também tem contribuído para esse movimento, que tem sido considerado estrutural, ou seja, não deve ser temporário. A Avenue, uma corretora americana associada ao Itaú Unibanco, registrou um aumento de 20% no volume de transferências em dezembro, comparado ao mês anterior, indicando uma migração expressiva de capitais.
Este fenômeno tem refletido uma mudança no perfil dos investidores brasileiros, com uma maior presença de indivíduos mais conservadores, que buscam opções mais seguras no exterior, como títulos do Tesouro americano (Treasuries) e bonds corporativos de empresas dos EUA. De acordo com dados do Banco Central, os investimentos brasileiros em ativos no exterior superaram os US$ 10 bilhões até novembro de 2024, um aumento considerável em relação aos US$ 4,5 bilhões registrados no ano anterior. A expectativa é que esse fluxo continue, especialmente devido à percepção de risco relacionada à situação fiscal do Brasil e à política monetária apertada do Banco Central.
Apesar das altas taxas de juros no Brasil, que teoricamente deveriam atrair investimentos internos, a aversão ao risco tem levado os recursos para fora do país. O movimento de migração de capital é visto como uma resposta ao aumento do risco percebido, com os investidores buscando maior segurança no exterior. Esse movimento também reflete uma tendência mais ampla de diversificação de ativos, que tem sido incentivada por instituições financeiras brasileiras. Se o ritmo de crescimento das transferências continuar, a Avenue prevê um aumento significativo no volume de ativos sob custódia em 2025, com a possibilidade de triplicar em relação ao ano anterior.