A desvalorização do real e os temores fiscais no Brasil têm levado a uma saída significativa de investimentos do país, com destino aos Estados Unidos. O movimento foi acelerado pela ascensão de Donald Trump à Casa Branca, o que gerou uma maior busca por ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro americano. A corretora Avenue, que tem o Itaú Unibanco como sócio, registrou um aumento de 20% no volume de recursos migrando para o exterior em dezembro, e a tendência é que esse fluxo continue em 2025.
Essa migração de investimentos está sendo impulsionada principalmente pela aversão ao risco associado à situação fiscal no Brasil. O pacote fiscal do governo Lula, que não conseguiu diminuir a trajetória de crescimento da dívida pública, tem gerado incertezas no mercado, o que, por sua vez, reforça a busca por segurança nos Estados Unidos. Investidores, especialmente os mais conservadores, têm transferido suas aplicações para a renda fixa de curto prazo, como os ‘Treasuries’, em busca de maior estabilidade.
A tendência de migração de investimentos é considerada estrutural, ou seja, não deve ser revertida mesmo que o câmbio se estabilize. Dados do Banco Central mostram que o saldo de investimentos de brasileiros no exterior ultrapassou US$ 10,6 bilhões até novembro de 2024, mais que o dobro de 2023. Esse aumento nas transferências de recursos pode resultar em um crescimento significativo do volume de ativos sob custódia da Avenue em 2025, com potencial de triplicar o montante. O cenário também reflete uma mudança no perfil do investidor brasileiro, que tem buscado diversificação no exterior como uma estratégia de proteção contra a volatilidade interna.