Em 2023, o Brasil alcançou reduções históricas na pobreza e na miséria, com 8,7 milhões de pessoas deixando a linha da pobreza e 3,1 milhões saindo da extrema pobreza, de acordo com dados do IBGE. O número de brasileiros vivendo com menos de R$ 22,17 por dia caiu para 27,4% da população, enquanto a proporção de miseráveis, que sobreviveram com menos de R$ 6,97 por dia, também diminuiu para 4,4% da população. Essas quedas foram impulsionadas por um melhor desempenho do mercado de trabalho e pela expansão de programas de transferência de renda, que impediram que a pobreza extrema aumentasse no país.
Apesar dessas melhorias, o índice de desigualdade de renda, medido pelo Índice de Gini, permaneceu estável em 0,518, indicando que a desigualdade não teve redução significativa. A desigualdade racial é um fator importante, com mais de 70% das pessoas em situação de pobreza e miséria sendo negras, mesmo que essa população represente cerca de 56,5% da população total do Brasil. Em relação à faixa etária, a pobreza é mais prevalente entre crianças e jovens, com 44,8% das crianças menores de 14 anos vivendo abaixo da linha da pobreza, enquanto a pobreza é menos frequente entre pessoas idosas, devido à cobertura de aposentadorias e pensões.
Além das questões sociais e de renda, o Brasil também enfrenta desafios relacionados aos jovens “nem-nem”, que não estudam nem trabalham. Em 2023, 10,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos se encontravam nessa situação, com desigualdades de gênero e cor evidentes, especialmente entre mulheres negras e pardas. Embora tenha ocorrido uma redução no número de jovens “nem-nem”, as disparidades regionais e demográficas indicam que a pobreza e a extrema pobreza ainda são questões desafiadoras, especialmente no Norte e Nordeste, e em áreas rurais, onde as condições de vida são mais precárias.