O economista e pesquisador Daniel Duque destaca a falta de equidade no sistema educacional brasileiro, apontando que as desigualdades começam desde a gestação e se agravam com o tempo, afetando especialmente crianças de famílias em situação de vulnerabilidade. Ele ressalta que, embora a educação pública tenha um papel importante na redução dessas disparidades, programas como o ensino integral acabam beneficiando escolas que já atendem alunos com melhores condições, o que perpetua as desigualdades ao invés de reduzi-las.
Duque também enfatiza o problema do acesso à educação infantil, onde cerca de 20% das crianças ainda não estão matriculadas na pré-escola, dificultando o acesso de famílias que mais necessitam. A expansão das creches e pré-escolas, embora necessária, não tem sido acompanhada de uma melhoria na qualidade do ensino, e em alguns casos, as crianças de famílias mais carentes teriam um desempenho melhor se estivessem com os pais, segundo estudos. A falta de políticas públicas eficazes para garantir vagas em escolas de qualidade para essas famílias é uma das principais barreiras para a equidade.
O pesquisador também critica a judicialização das políticas educacionais, que impede a implementação de ações afirmativas, como a reserva de vagas para famílias de baixa renda. Para Duque, a “loteria do CEP”, onde a localização de nascimento determina o futuro educacional e profissional das crianças, é um reflexo claro das desigualdades no Brasil. Ele defende que uma política de reserva de vagas poderia ser uma solução para equalizar as oportunidades educacionais, permitindo que as crianças em situação de vulnerabilidade tenham acesso a uma educação de qualidade.