A falta de acesso rápido a tratamentos médicos é uma realidade alarmante no Sistema Único de Saúde (SUS) do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, mais de 190 mil pessoas aguardam por consultas, com destaque para especialidades como oftalmologia, onde a fila ultrapassa os 30 mil pacientes. A situação é semelhante em outros municípios, como Esteio, onde seis mil pessoas esperam por consultas especializadas. A espera, que pode se estender por meses ou até anos, tem consequências graves para a saúde dos pacientes, que enfrentam dores constantes e dificuldades para realizar tarefas simples no dia a dia.
Apesar de esforços locais, como o financiamento de 1,4 mil consultas mensais pela prefeitura de Esteio, as filas continuam a crescer devido à escassez de recursos e à sobrecarga do sistema. O envelhecimento da população e o fechamento de serviços em áreas periféricas são apontados como fatores que agravam a situação. Além disso, as autoridades enfrentam dificuldades para acelerar o atendimento, com algumas especialidades, como as cirurgias cardiovasculares, levando décadas para serem resolvidas se o ritmo de atendimento continuar tão lento.
O Ministério da Saúde tem investido recursos para melhorar a oferta de serviços, como o aumento de 21% no orçamento para procedimentos de média e alta complexidade e programas de expansão do acesso a especialistas. No entanto, as medidas ainda não são suficientes para reduzir de forma significativa o tempo de espera. Pacientes continuam a recorrer ao Ministério Público e à Defensoria Pública para tentar garantir o atendimento, enquanto aguardam por soluções que, até o momento, parecem distantes. A situação evidencia a fragilidade do sistema de saúde pública e a necessidade urgente de investimentos e reformas estruturais para atender a demanda crescente.