A Defensoria Pública do Rio de Janeiro solicitou ao Ministério Público estadual a reabertura das investigações sobre as mortes de duas meninas, ocorridas em 4 de dezembro de 2020, no bairro Sapinho, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. As crianças foram atingidas por um disparo de fuzil enquanto brincavam na porta de casa. Inicialmente, a Polícia Civil e o Ministério Público direcionaram as investigações para traficantes locais, apontados como responsáveis pelo crime, mas a Defensoria acredita que novos elementos, revelados por uma análise técnica independente, sugerem envolvimento de policiais militares no caso.
O grupo multidisciplinar Projeto Mirante, que contou com peritos, pesquisadores e professores, reexaminou as provas do caso, incluindo a reconstrução em 3D da cena do crime, e apontou inconsistências na investigação original. Entre os pontos destacados pela Defensoria estão falhas na perícia e discrepâncias nos registros de armas utilizadas pelos policiais, além de contradições nos depoimentos dos PMs sobre o percurso da viatura no momento dos disparos. Testemunhas indicaram que a viatura da PM passou perto do local onde as meninas estavam, e a análise do GPS do veículo revelou movimentações suspeitas, contradizendo as versões apresentadas pelos policiais.
Com base nesses novos fatos, a Defensoria acredita que existem elementos suficientes para reabrir o caso e investigar a possível responsabilidade de agentes de segurança no disparo que vitimou as crianças. A solicitação de desarquivamento se apoia na existência de novos dados que indicam a possibilidade de o disparo ter partido da viatura policial, algo não considerado pela apuração anterior. O Ministério Público agora avaliará os argumentos apresentados antes de tomar uma decisão sobre o prosseguimento das investigações.