Em 2024, as emissões de debêntures incentivadas no Brasil alcançaram R$ 111,9 bilhões, o maior valor já registrado na série histórica, superando em 65% o montante de 2023. Essas debêntures têm se consolidado como uma importante ferramenta para financiar projetos de infraestrutura no país, especialmente após a mudança de modelo de financiamento, que deixou de ser centralizado e passou a ser mais descentralizado. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) destaca o crescimento desse mercado, que tem sido impulsionado pela atração de investidores privados, incluindo empresas estrangeiras e fundos de investimentos.
Segundo especialistas, o novo modelo descentralizado tem sido decisivo para o desenvolvimento do setor de infraestrutura no Brasil. A mudança começou a ser implementada após 2016, com uma série de reformas legais e regulatórias, como o marco legal das concessões e do saneamento, além da criação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Essas mudanças facilitaram a entrada de novos investidores no mercado, quebrando as barreiras históricas de acesso a informações técnicas, recursos naturais e financiamento subsidiado oferecido pelos bancos públicos, que antes limitavam a competitividade do setor.
O modelo de financiamento por meio de debêntures de infraestrutura, particularmente o project finance, tem se mostrado eficaz, pois permite que o risco dos projetos seja atrelado diretamente aos próprios projetos, e não a garantias bancárias. Com isso, o mercado de capitais tem assumido um papel central no financiamento de grandes projetos de infraestrutura no Brasil, atraindo não apenas grandes investidores, mas também permitindo que empresas de médio e pequeno porte se juntem a essas iniciativas. Essa evolução no financiamento reflete uma transformação significativa na maneira como o Brasil tem lidado com suas necessidades de infraestrutura.