A crise política na França se intensificou após o presidente Emmanuel Macron dissolver o Parlamento em junho e convocar novas eleições, uma medida tomada diante do avanço da extrema direita no Parlamento Europeu. Nas eleições legislativas, a extrema direita obteve a maior parte dos votos, mas a esquerda formou uma frente ampla, sem conseguir a maioria absoluta. Esse cenário resultou em semanas de negociações, e em setembro, Michel Barnier foi nomeado primeiro-ministro. Contudo, a falta de apoio e as tensões políticas não ajudaram a estabilizar o governo, o que culminou em sua queda.
A gestão de Barnier se deteriorou após a apresentação de um plano de austeridade, com cortes significativos no orçamento e aumento de impostos, com o objetivo de reduzir o déficit fiscal. A proposta gerou forte resistência no Parlamento, e, ao invés de buscar mais concessões, Barnier usou um dispositivo constitucional para aprovar o orçamento sem votação parlamentar, o que gerou ainda mais insatisfação. Esse movimento desencadeou uma moção de desconfiança que recebeu apoio tanto da esquerda quanto da extrema direita, dois blocos opostos que se uniram contra o premiê.
A moção de desconfiança foi aprovada por uma ampla maioria, derrubando Barnier do cargo em um episódio inédito de união entre forças políticas contraditórias. Com 331 votos a favor da moção, Barnier tornou-se o primeiro-ministro com o mandato mais curto da história recente da França, permanecendo no cargo por apenas dois meses. Agora, Macron enfrenta o desafio de decidir se mantém as negociações com os partidos parlamentares ou indica um novo nome, o que pode resultar em mais instabilidade política.