A crise política na França se intensificou após a dissolução do Parlamento em junho, quando o presidente Emmanuel Macron convocou novas eleições em resposta ao avanço da extrema direita. A vitória da Nova Frente Popular, um bloco de esquerda, resultou em um cenário fragmentado, sem uma maioria absoluta no Parlamento. A dificuldade de formar um governo estável gerou meses de impasse e negociações, culminando na nomeação de Michel Barnier como primeiro-ministro em setembro.
Apesar de sua experiência como negociador do Brexit, Barnier enfrentou forte resistência política e dificuldades em estabelecer um diálogo entre as diversas facções. A crise se agravou com a proposta de um orçamento de austeridade para 2025, que incluía cortes significativos e aumento de impostos. A falta de consenso no Parlamento levou o premiê a utilizar um dispositivo constitucional para aprovar o orçamento sem votação, o que gerou descontentamento e contribuiu para a perda de apoio político.
Em uma reviravolta inédita, uma moção de desconfiança foi apresentada contra Barnier, recebendo apoio tanto da esquerda quanto da extrema direita. Com a aprovação da moção por 331 votos, o primeiro-ministro foi forçado a deixar o cargo, tornando-se o segundo premiê da história da França a ser derrubado por essa medida. A situação agora coloca Macron diante de uma escolha difícil: tentar formar um novo governo ou lidar com novos protestos que podem enfraquecer ainda mais sua presidência.