Após a decretação da lei marcial na terça-feira, 3, o presidente da Coreia do Sul enfrenta um cenário de instabilidade política crescente, com a ameaça de impeachment ganhando força. Milhares de pessoas saíram às ruas em Seul e em outras cidades, exigindo a renúncia do presidente, enquanto os principais sindicatos do país convocaram uma greve geral. O Parlamento sul-coreano deve votar a favor do impeachment nos próximos dias, com a oposição contando com o apoio de pelo menos 191 dos 300 assentos da Assembleia Nacional. Para que o impeachment seja aprovado, será necessário o apoio de dois terços dos parlamentares e a aprovação de pelo menos seis juízes da Corte Constitucional.
A crise teve início quando o presidente decretou a lei marcial, acusando a oposição de colaborar com o regime da Coreia do Norte. Esse decreto, que lhe daria poderes para fechar o Congresso e restringir a liberdade de imprensa, foi rapidamente derrubado pelos parlamentares, forçando o presidente a recuar. Essa medida, considerada uma violação da Constituição, gerou um grande desgaste político e aprofundou a polarização no país, que desde a redemocratização guarda feridas profundas em sua memória coletiva, especialmente relacionadas a regimes autoritários dos anos 80.
Diante do impasse, o processo de impeachment avançou com o apoio dos partidos de oposição, incluindo o Partido Democrata, que consideram a ação do presidente incompatível com os princípios democráticos do país. Caso o impeachment seja aprovado, o primeiro-ministro assumiria interinamente a presidência até que a Corte Constitucional decida o destino definitivo do presidente. A situação atual reflete um cenário de forte tensão política, com o governo enfrentando uma série de derrotas legislativas e um crescente movimento de contestação popular.