No Senado, lideranças indígenas, extrativistas e especialistas discutiram o impacto desproporcional da crise climática sobre as comunidades tradicionais durante uma audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC), realizada na quarta-feira (4). A presidente da comissão, deputada Socorro Neri, destacou a importância de traduzir as demandas dessas comunidades em ações concretas, tanto nas políticas públicas quanto no fortalecimento dos compromissos climáticos globais. O senador Alessandro Vieira foi o responsável pelo requerimento da audiência, que visou promover um diálogo transformador sobre as questões ambientais.
Especialistas e representantes comunitários ressaltaram que as populações mais vulneráveis, como os povos indígenas e as comunidades tradicionais, enfrentam desafios urgentes diante das mudanças climáticas. A representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Maria Aldete Fonseca, apontou que essas comunidades são reconhecidas desde 1992, pela Convenção da Diversidade Biológica, como os melhores conservadores da biodiversidade. No entanto, as emergências climáticas exigem ações de mitigação e adaptação, além de alertar sobre o atraso na implementação de compromissos globais, como o Acordo de Paris.
Durante a audiência, os representantes das comunidades apresentaram obstáculos enfrentados em seus territórios. A persistência de ameaças aos direitos territoriais, como o marco temporal, foi destacada por Alda Carvalho, da Comissão Pró-Indígena do Acre. Também foi apontada a necessidade de ampliar os recursos para manejo sustentável e assistência técnica contínua, como reforçou Miguel Scarcello, da SOS Amazônia. A importância de envolver a juventude nas decisões climáticas foi outra questão enfatizada, com a representante do Comitê Chico Mendes, Anaís Cordeiro, sugerindo que os jovens devem ocupar espaços de poder e decisão para garantir o futuro das comunidades e da floresta.