Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela que o crime organizado gerou pelo menos R$ 146,8 bilhões em 2022 a partir da exploração de produtos do comércio legal, como tabaco, ouro, combustíveis e bebidas. Esse valor representa aproximadamente 14,7% do mercado desses itens no Brasil. A maior parte dos recursos advém de atividades como a venda de combustíveis e bebidas, que juntas geraram cerca de R$ 118 bilhões. O presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima, destacou que essa situação não apenas afeta a segurança pública, mas também prejudica a economia formal do país, apontando que a sonegação fiscal decorrente dessas práticas poderia somar mais de R$ 30 bilhões.
Além da sonegação de impostos, o crime organizado também gera impactos diretos na segurança pública. A violência policial no estado de São Paulo, intensificada recentemente por episódios de abuso de autoridade e letalidade policial, tem gerado uma crise no governo local. Nos últimos 30 dias, 45 policiais militares foram afastados de suas funções, e dois foram presos por envolvimento em tais atos. O governador Tarcísio de Freitas, em meio à crise, defendeu o uso de câmeras corporais como ferramenta de proteção tanto para a sociedade quanto para os próprios policiais, e afirmou que ampliará o programa, mas sem mudanças na estrutura da segurança pública.
Para combater essa conexão entre economia ilegal e violência, Lima propõe uma integração entre inteligência financeira e policial, com o fortalecimento de órgãos como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O objetivo seria reduzir o poder do crime organizado, proteger a economia formal e garantir mais eficácia nas políticas de segurança pública. O comércio de drogas, como a cocaína, também representa uma significativa fonte de receita para facções criminosas, com uma estimativa de R$ 15 bilhões gerados pelo tráfico da substância em 2022.