Em 2024, Piracicaba (SP) registrou o maior número de órfãos em quatro anos, com uma média anual de 77 crianças e adolescentes, de até 17 anos, perdendo pelo menos um dos pais. O levantamento, realizado pelos Cartórios de Registro Civil, revelou dados inéditos sobre a orfandade na metrópole, com um aumento significativo após a pandemia. Em 2021, a Covid-19 foi responsável por aproximadamente um terço das mortes parentais, afetando 26 crianças diretamente. A pesquisa, que abrange o período de 2021 a 2024, também identificou um crescimento geral na orfandade, em parte devido a doenças relacionadas ao coronavírus, como insuficiência respiratória e infarto.
A consolidação de dados sobre orfandade foi possível graças à evolução da legislação brasileira, que tornou obrigatória a inclusão do CPF dos pais nos registros de nascimento a partir de 2019. Esse avanço possibilitou um cruzamento preciso entre os registros de óbitos e nascimentos, permitindo o mapeamento detalhado das crianças órfãs no país. Luís Carlos Vendramin Júnior, diretor da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), explicou que a inclusão do CPF tornou possível obter números concretos sobre a orfandade e, assim, planejar políticas públicas mais eficazes.
Além da Covid-19, outras causas, como AVC, sepse e pneumonia, também contribuíram para o aumento da orfandade nos últimos anos. Esses dados fornecem uma visão crucial sobre a necessidade de adaptação das políticas públicas para apoiar as crianças que perderam seus pais, especialmente em um contexto pós-pandêmico. O levantamento destaca a importância da utilização de registros precisos para a criação de estratégias governamentais que atendam a essa crescente demanda.