A Polícia Civil está investigando uma comunidade em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, por suspeitas de tortura psicológica, curandeirismo e crimes financeiros. Moradores relataram abusos, incluindo práticas de “cura gay”, discriminação e manipulação financeira por parte do responsável, que se apresenta como guru espiritual. De acordo com depoimentos, durante a pandemia, integrantes eram incentivados a romper com suas orientações sexuais e viver relações heterossexuais. Além disso, havia um controle rigoroso sobre as finanças dos participantes, com a obrigatoriedade de repassar grandes quantias para a gestão do grupo, que ficava sob a administração do líder.
Entre as acusações mais graves estão a utilização de práticas de manipulação psicológica e física, como sessões terapêuticas coercitivas, em que os participantes eram submetidos a humilhações e violência, além da exploração econômica, com indução ao endividamento. O grupo, que chegou a abrigar 80 pessoas, tinha atividades comerciais, como a venda de produtos orgânicos e itens de papelaria, cuja receita era destinada à manutenção da comunidade. Vários ex-integrantes alegam ter sido levados a contrair empréstimos para repassar o dinheiro ao responsável, que também é acusado de desvio de recursos em benefício próprio.
A investigação aponta que o líder do grupo teria desviado valores significativos, chegando a perder milhões em dívidas, apostas e gastos pessoais. Depoimentos de mais de 20 pessoas ajudaram a esclarecer o esquema de exploração financeira e emocional, que envolvia pacotes de imersão com preços elevados e promessas de cura e autodescoberta. A Polícia Civil segue apurando os casos de violência, e o Ministério Público está acompanhando o processo para garantir que os responsáveis sejam responsabilizados pelos abusos cometidos.