O Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo IBGE, mostrou um aumento significativo da população indígena residente em áreas urbanas. Em 2022, mais de 914 mil indígenas viviam em cidades, o que representa 53,97% do total de indígenas no Brasil, uma alta de 181,6% em relação a 2010. Embora o número de indígenas em áreas urbanas tenha crescido, a população rural também aumentou, atingindo cerca de 780 mil pessoas. Esse crescimento não é apenas demográfico, mas também resultado de aprimoramentos metodológicos que permitiram uma melhor captação dessa população, especialmente nas áreas urbanas.
Em termos de infraestrutura, a população indígena, tanto urbana quanto rural, enfrenta dificuldades no acesso a serviços essenciais como água e saneamento básico. Em 2022, enquanto 97,28% da população urbana brasileira tinha acesso a água tratada, apenas 86,67% dos indígenas urbanos gozavam desse benefício, com níveis de precariedade muito mais altos em comparação com a população geral. No que diz respeito ao esgotamento sanitário, a situação é ainda mais grave, com apenas 59,24% dos indígenas em áreas urbanas fora de terras indígenas tendo acesso a uma rede adequada. Além disso, as taxas de analfabetismo, embora em queda, ainda são superiores à média nacional, especialmente entre os indígenas que vivem em terras indígenas.
A composição etária da população indígena também se destaca, com uma idade mediana de 18 anos em áreas rurais dentro de terras indígenas, contrastando com os 32 anos da população indígena urbana fora dessas terras. A presença de netos nas unidades domésticas indígenas também é notável, com uma convivência intergeracional mais expressiva em comparação à média da população geral. Embora os dados de registro civil mostrem avanços, a taxa de crianças indígenas registradas é ainda inferior à média do país. Esses dados refletem as desigualdades persistentes e os desafios enfrentados por esses grupos, especialmente em termos de acesso a serviços e educação.