A demonstração de cautela nos mercados financeiros nesta quarta-feira (4) reflete a preocupação dos investidores com o pacote de corte de gastos em tramitação no Congresso Nacional. O dólar segue acima de R$ 6,00, e os juros futuros avançam, pressionando o Ibovespa. A produção industrial de novembro no Brasil mostrou um enfraquecimento da atividade econômica, especialmente após o forte crescimento do PIB no terceiro trimestre, o que não é suficiente para impulsionar a confiança no mercado. A curva de juros já precifica uma Selic terminal de 15%, o que mantém o otimismo baixo.
O governo enfrenta desafios com a aprovação do pacote fiscal, particularmente devido à resistência de setores políticos, como o Centrão, que questionam as novas exigências do Supremo Tribunal Federal (STF). A tramitação da proposta na Câmara dos Deputados continua sendo um ponto de atenção para os investidores, que aguardam mais clareza sobre os impactos da medida. Além disso, a proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil também gerou incertezas, o que reforça a percepção de que o ajuste fiscal será postergado para os próximos anos.
No mercado, o Ibovespa registrou alta de 0,72% na terça-feira, mas os analistas destacam que o índice depende dos desdobramentos no Congresso para manter esse nível. A falta de uma sinalização mais concreta em relação às reformas fiscais e tributária tem dificultado uma reação mais positiva dos investidores, apesar da recuperação em commodities como o petróleo e o minério de ferro. O cenário fiscal tenso permanece como o principal fator limitante para um movimento mais robusto no mercado brasileiro.