A cautela nos mercados brasileiros reflete o cenário de incertezas sobre o pacote de corte de gastos em tramitação no Congresso e a desaceleração da produção industrial no país. Apesar de o governo buscar avançar com requerimentos de urgência para o plano na Câmara, sinais de resistência política, especialmente do Centrão, aumentam as preocupações entre investidores. Além disso, o anúncio simultâneo de medidas fiscais e benefícios, como a isenção de imposto de renda para rendimentos de até R$ 5 mil, gerou dúvidas sobre a viabilidade do ajuste fiscal prometido.
No plano doméstico, a produção industrial de outubro registrou queda de 0,2% em relação a setembro, contrariando as expectativas de leve alta. Apesar de um crescimento de 5,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, o dado ficou aquém da mediana esperada. Esses fatores pressionam os juros futuros e influenciam a percepção de que a Selic terminal deve permanecer alta. No exterior, os rendimentos dos Treasuries americanos subiram, mesmo com a criação de vagas no setor privado abaixo do esperado, o que adiciona volatilidade ao mercado.
O Ibovespa apresentou leve alta ao longo da manhã, sustentado pelo desempenho de ações da Petrobras, impulsionadas pela valorização do petróleo. Contudo, a instabilidade permanece, com investidores atentos ao andamento das discussões fiscais no Congresso e ao relatório da reforma tributária no Senado. Para garantir maior confiança, o índice precisa estabilizar-se acima dos 126 mil pontos, mas as incertezas continuam influenciando o humor do mercado.