A Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para a análise de dois projetos que fazem parte do pacote de corte de gastos do governo. Apesar do clima desfavorável entre os parlamentares, os governistas pressionaram pela votação, com o presidente da Casa, Arthur Lira, fazendo um apelo para tranquilizar o mercado financeiro. A aprovação da urgência para o projeto que limita benefícios tributários em caso de déficit nas contas públicas e permite o bloqueio das emendas parlamentares foi apertada, com 260 votos a favor, apenas três a mais do que o mínimo necessário. A aprovação do outro projeto, que estabelece critérios mais rígidos para benefícios sociais e o reajuste do salário mínimo, também teve um resultado estreito.
A votação foi marcada por tensões internas, com alguns parlamentares insatisfeitos com decisões recentes do Supremo Tribunal Federal relacionadas ao controle das emendas parlamentares. A insatisfação foi destacada por deputados como Mendonça Filho, que criticaram o impacto da atuação do Judiciário sobre o Legislativo. Além disso, o líder do governo na Câmara, José Guimarães, reconheceu as dificuldades para garantir os votos e apelou por mudanças nos projetos, enfatizando a necessidade da reforma fiscal para evitar a deterioração da economia.
O governo também enfrenta desafios financeiros no cumprimento das promessas de pagamento das emendas parlamentares para 2024. Até agora, a execução dos recursos previstos tem sido lenta, com pagamentos abaixo do prometido. Em paralelo, a Advocacia-Geral da União entrou com um pedido no Supremo para flexibilizar algumas das restrições às emendas, mas não há previsão de quando o tribunal decidirá sobre a questão. A aprovação da urgência foi apenas o primeiro passo, e a continuidade do processo legislativo dependerá da solução das pendências relacionadas às emendas parlamentares.