O café, bebida tradicionalmente amada pelos brasileiros, enfrenta sérios desafios devido às altas temperaturas causadas pelas mudanças climáticas. O Brasil, maior produtor mundial de café, possui a maior parte de sua produção concentrada na variedade arábica, que é altamente sensível ao calor. Essa variedade precisa de temperaturas mais amenas, entre 18°C e 22°C, mas tem enfrentado picos de até 40°C, prejudicando o desenvolvimento dos grãos e elevando os custos de produção. Como resposta a esse problema, muitos cafeicultores estão adotando técnicas que envolvem o cultivo do café sob a sombra de árvores, uma prática que busca mitigar os efeitos do calor extremo.
A principal abordagem usada por produtores é o sombreamento através de agroflorestas e da agricultura regenerativa. As agroflorestas envolvem o plantio de árvores diversas, criando um ambiente mais equilibrado e sustentável, enquanto a agricultura regenerativa se foca na recuperação dos ecossistemas e pode ser mais flexível, com menor variedade de árvores. Ambas as práticas oferecem benefícios como a redução da temperatura nas lavouras e a melhoria na qualidade do café, tornando-o mais doce e prolongando o tempo de maturação dos frutos. No entanto, essas técnicas exigem investimentos iniciais elevados e um período de adaptação, com menor produtividade nos primeiros anos.
Apesar das dificuldades, os cafeicultores veem essas mudanças como essenciais para a sobrevivência a longo prazo diante das mudanças climáticas. A implementação de sistemas mais sustentáveis pode, no futuro, reduzir os custos com insumos como agrotóxicos e fertilizantes e contribuir para a preservação ambiental. No entanto, o processo exige tempo e dedicação, com retornos que podem levar até dez anos para se consolidarem. O sombreamento nas lavouras de café, além de aumentar a resistência às altas temperaturas, pode ser uma estratégia crucial para a sobrevivência do setor no Brasil, garantindo tanto a qualidade do café quanto a sustentabilidade da produção.