O aumento das temperaturas globais está impactando negativamente a cafeicultura brasileira, com os cafeicultores enfrentando longos períodos de seca, ondas de calor intensas e a proliferação de pragas e doenças. O café arábica, a variedade mais cultivada no Brasil, é particularmente sensível a essas condições extremas, com o calor excessivo prejudicando a fotossíntese e reduzindo a produtividade das lavouras. Em estados como Minas Gerais e São Paulo, que são responsáveis pela maior parte da produção nacional, o aumento da temperatura e a escassez de chuvas já estão causando quedas significativas na produção de café, o que pode comprometer tanto a quantidade quanto a qualidade do grão.
Especialistas alertam que, se as temperaturas continuarem a subir, muitas das áreas tradicionais de cultivo podem se tornar impróprias para o plantio de café. Projeções indicam que, em Minas Gerais e São Paulo, o aquecimento de apenas 1°C pode resultar em uma grande perda de áreas aptas ao cultivo, e um aumento de 5,8°C pode reduzir drasticamente a viabilidade da cafeicultura nesses estados. Por outro lado, algumas regiões do Sul do Brasil, como o Paraná, podem se beneficiar do aquecimento, devido à diminuição do risco de geadas. No entanto, essa migração para novas áreas ainda é limitada, com a preferência dos produtores voltada para culturas como soja e milho.
Com a diminuição da produção e o aumento da demanda global por café, os preços da bebida tendem a subir, o que pode tornar o produto menos acessível para muitas pessoas. O impacto das mudanças climáticas também pode afetar a qualidade do grão, tornando-o mais difícil de torrar e comprometendo seu sabor. Para mitigar esses efeitos, pesquisadores estão desenvolvendo variedades de café mais resistentes ao clima e adotando técnicas agrícolas sustentáveis, como o plantio sob a sombra de árvores, para ajudar a reduzir o estresse térmico e proteger as plantações.