O Brasil alcançou marcos históricos na redução da pobreza e da miséria em 2023, com 8,7 milhões de brasileiros deixando a linha de pobreza e 3,1 milhões saindo da extrema pobreza. De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) do IBGE, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza caiu de 67,7 milhões em 2022 para 59 milhões em 2023, representando 27,4% da população. A pobreza extrema também diminuiu significativamente, passando de 12,6 milhões para 9,5 milhões de brasileiros, o que representa 4,4% da população. O impacto das políticas de transferência de renda e o desempenho do mercado de trabalho foram os principais fatores explicativos dessa melhora.
Apesar da redução nos números absolutos da pobreza, a desigualdade de renda, medida pelo Índice de Gini, não apresentou mudanças significativas entre 2022 e 2023, permanecendo em 0,518. No entanto, o efeito das transferências sociais foi crucial para evitar um aumento na desigualdade, já que, sem esses programas, a concentração de riqueza teria se intensificado. A análise por grupos etários revelou que as crianças e jovens são os mais afetados pela pobreza, com 44,8% das crianças abaixo de 14 anos vivendo em condições precárias, e 7,3% em extrema pobreza. A pobreza é mais pronunciada entre os jovens de 15 a 29 anos, sendo mais alta entre as mulheres negras e pardas, refletindo desigualdades de gênero e raça.
A desigualdade regional e rural também continua a ser um desafio. O Nordeste, com 26,9% da população, concentra mais da metade dos brasileiros em situação de extrema pobreza (55,5%). As áreas rurais apresentam uma incidência muito mais alta de pobreza e miséria do que as urbanas, com 9,9% da população rural em extrema pobreza, contra 3,6% nas cidades. Além disso, o Brasil conta com 10,3 milhões de jovens “nem-nem”, que nem estudam nem estão ocupados, com desigualdades significativas entre os grupos raciais e de gênero. Embora a taxa de jovens fora do mercado de trabalho tenha diminuído 4,9% em relação ao ano anterior, a redução foi mais expressiva entre homens e mulheres brancos, enquanto as mulheres negras ou pardas apresentaram uma redução mais modesta.