O Brasil pode mais do que dobrar suas exportações de carne bovina para a União Europeia (UE) com a formalização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e o bloco europeu, estima a consultoria Agrifatto. Atualmente, o Brasil exporta cerca de 5% de sua produção para a Europa, e esse volume pode chegar a 12% ou 13% com a implementação do acordo. O Mercosul poderá exportar até 99 mil toneladas de carne bovina à UE, sendo 55% na forma resfriada e 45% congelada, com uma alíquota de 7,5%, distribuída em seis etapas crescentes.
Uma grande parte dessa cota adicional deverá ser ocupada pelo Brasil, que já atende a 86% da demanda europeia. A previsão é de que o país mantenha sua liderança no fornecimento de carne bovina para o bloco. O acordo, que está em fase de revisão legal, é visto como uma oportunidade para o setor pecuário brasileiro, com destaque para o fim da Cota Hilton, que atualmente limita a exportação a 10 mil toneladas com alíquota de 20%. A isenção dessa tarifa pode abrir portas para uma ampliação das exportações.
No entanto, o acordo também traz desafios regulatórios, especialmente em relação às exigências ambientais, como o controle do desmatamento. A CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel, destacou que o Brasil possui uma legislação rigorosa sobre preservação ambiental, mas critica o que considera como protecionismo europeu, que impõe limitações ao Brasil sem seguir as mesmas regras. Apesar das dificuldades, Pimentel acredita que o impacto do acordo será positivo, embora não transformador, visto que o aumento nas exportações será limitado pela pequena cota oferecida. Até outubro de 2024, o Brasil já havia exportado 66.439 toneladas de carne bovina para a UE.