O câncer de colo de útero é o terceiro mais prevalente entre as mulheres brasileiras e a quarta maior causa de morte no país, com cerca de 17 mil novos casos e 7 mil mortes anuais. Quase 100% dos casos estão relacionados ao HPV, um vírus que afeta a maioria da população, mas que, quando persistente, pode evoluir para o câncer. Para reduzir a incidência e a mortalidade, o Brasil está implementando o Plano Nacional para a Eliminação do Câncer de Colo de Útero, que inclui inovações no rastreio, tratamento e vacinação. A principal novidade é a introdução de testes moleculares para diagnóstico do HPV, substituindo o exame citopatológico, que permitirá detectar mais precocemente a presença do vírus e suas possíveis complicações.
A iniciativa também prevê a implementação de um sistema de autocoleta, onde a própria paciente pode realizar o exame sem a necessidade de consulta médica, o que pode facilitar o acesso ao diagnóstico, especialmente em regiões mais afastadas. Além disso, o governo tem enfrentado desafios relacionados ao atraso no início do tratamento, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde muitos pacientes começam o tratamento após o prazo estipulado por lei. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é rastrear 70% das mulheres e tratar rapidamente 90% dos casos positivos, o que exigirá um aumento significativo no número de colposcopias e biópsias realizadas no Brasil.
A vacinação contra o HPV é considerada a chave para erradicar o câncer de colo de útero a longo prazo. O Brasil segue com um programa de vacinação que prioriza meninas e meninos de 9 a 14 anos, com a meta de alcançar 90% de cobertura vacinal. Apesar dos avanços, a vacinação entre os meninos ainda é uma preocupação, especialmente nas regiões Norte, onde a cobertura é significativamente mais baixa. Recentemente, o país adotou o esquema de uma única dose da vacina, uma mudança recomendada pela OMS, que visa aumentar a adesão ao programa e facilitar a imunização completa da população jovem.