A unidade brasileira da multinacional alemã Bosch foi condenada a pagar aproximadamente R$ 1,8 milhão em indenizações devido à sua participação em um esquema de corrupção envolvendo médicos peritos. A investigação, conduzida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), revelou que entre 2010 e 2014, a empresa pagava subornos para que esses médicos emitissem laudos fraudulentos em processos trabalhistas. Os laudos manipulados prejudicaram 86 trabalhadores, dificultando a comprovação de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, o que resultou na perda de direitos como pensões e estabilidade acidentária.
O caso foi inicialmente denunciado após a Operação Hipócritas da Polícia Federal, em 2016, e envolveu um gerente jurídico da Bosch e um intermediário responsável pelos pagamentos. Embora a investigação tenha apontado para a existência do esquema, o valor das indenizações foi reduzido pela juíza da 1ª Vara do Trabalho de Campinas, que considerou a ausência de provas contundentes sobre a participação de outros envolvidos e a interrupção dos repasses com a troca de executivo na empresa. O valor das indenizações individuais foi ajustado, com a maior parte dos trabalhadores recebendo entre R$ 15 mil e R$ 30 mil.
Além das condenações na esfera trabalhista, os envolvidos no esquema podem responder criminalmente por corrupção passiva, ativa, associação criminosa e lavagem de dinheiro, com penas que podem variar de 1 a 12 anos de prisão, dependendo da participação de cada um. A Bosch, por sua vez, anunciou que recorrerá da decisão, destacando seu compromisso com a legalidade e com as diretrizes corporativas de conduta. O MPT, por sua vez, afirmou que a fraude teve um impacto significativo na perda de direitos dos trabalhadores, que foram diretamente afetados pelos laudos fraudulentos.