Nas últimas três décadas, ao menos 565 crianças em Bengala Ocidental, na Índia, foram vítimas de bombas caseiras, que resultaram em mortes, mutilações e cegueira. Essas bombas, usadas principalmente em contextos eleitorais e de violência política, têm sido uma constante no Estado, com crianças frequentemente encontrando esses artefatos enquanto brincam em áreas públicas. Em um caso dramático, Puchu Sardar, de nove anos, sobreviveu a uma explosão quando, sem saber, rebateu uma bomba que parecia uma bola de críquete, causando a morte de dois amigos e deixando-o gravemente ferido. Esses artefatos são usados como uma ferramenta de intimidação e violência entre facções políticas, e as vítimas frequentemente pertencem a famílias pobres.
O uso de bombas rudimentares em Bengala Ocidental remonta ao período colonial, com raízes na luta contra o domínio britânico. No entanto, o problema persiste até hoje, especialmente durante períodos eleitorais, quando os artefatos são espalhados para aterrorizar rivais políticos e garantir controle sobre certas áreas. Essas bombas são feitas de materiais simples, como cordas de juta e estilhaços de metal, e sua fabricação e uso continuam a ser um problema recorrente, com poucas medidas efetivas para combater esse tipo de violência. Apesar da gravidade da situação, os partidos políticos locais negam envolvimento no uso dessas bombas.
As vítimas dessas explosões são, em sua maioria, crianças de famílias de baixa renda, muitas vezes em áreas rurais. Meninas como Poulami Halder e Sabina Khatun tiveram suas vidas transformadas para sempre após se envolverem acidentalmente com esses artefatos. Enquanto Poulami perdeu uma mão e Sabina teve a mão amputada, as duas continuam a frequentar a escola e a sonhar com um futuro melhor. No entanto, a violência continua a ser uma realidade, como evidenciado pela morte de Raj Biswas, de nove anos, em uma explosão recente. Em um cenário político turbulento, as crianças de Bengala Ocidental continuam pagando o preço de uma violência política implacável.