O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o cenário econômico atual aponta para uma política monetária mais restritiva, o que deve resultar em juros mais altos por mais tempo no Brasil. Em evento organizado pela XP, Galípolo destacou que a economia está mais dinâmica do que o esperado, com uma moeda desvalorizada, o que justifica o aumento da taxa Selic. Ele ressaltou que o Banco Central passou de um ciclo de cortes para uma pausa e, em seguida, para um ciclo de alta de juros, devido à frustração das previsões de desaceleração econômica.
Galípolo também falou sobre a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, que tem sido um desafio para o Banco Central por um longo período. Ele afirmou que o principal objetivo da instituição é reancorar essas expectativas, utilizando os instrumentos necessários para garantir o cumprimento da meta de inflação, que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O futuro presidente do Banco Central enfatizou que qualquer discussão sobre a mudança da meta de inflação não é um tema relevante para a autarquia.
O diretor mencionou ainda os desafios econômicos globais, como a desaceleração da China e as incertezas nos Estados Unidos, especialmente com a iminência do governo de Donald Trump. No entanto, ele acredita que o Brasil está bem posicionado para enfrentar esses desafios, citando o câmbio flutuante e as reservas internacionais como importantes mecanismos de defesa. A expectativa é que o Copom, em sua reunião de dezembro, decida sobre um possível aumento da Selic, em resposta à maior desancoragem das expectativas de inflação no mercado.