O Banco Central (BC) surpreendeu o mercado ao aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual, sinalizando que outras duas altas semelhantes podem ocorrer, caso o cenário de inflação não melhore. Essa decisão é vista como a primeira ação de Gabriel Galípolo no comando do Comitê de Política Monetária (Copom), o que indica que o atual presidente, Roberto Campos Neto, pode estar preparando sua saída. Interlocutores do governo consideram que a mudança de postura no comunicado do Copom reflete uma transição de responsabilidades entre os dois.
O aumento da Selic, que passou de 11,25% para 12,25%, veio em um momento de incerteza sobre o pacote fiscal do governo, com o mercado apostando em dificuldades para aprovar as medidas propostas. A expectativa agora é que a taxa de juros possa alcançar 14,25% no início de 2025, caso o cenário fiscal não se resolva. O BC deixou claro que continuará ajustando os juros para conter a inflação, o que pode levar a uma desaceleração econômica significativa e até uma possível recessão.
Com essa decisão, o BC passou uma mensagem clara ao governo e ao Congresso: a responsabilidade de controlar a inflação e aprovar o ajuste fiscal está nas mãos deles. Se o pacote fiscal não for aprovado, o BC seguirá apertando sua política monetária, com risco de impacto negativo na economia. O governo de Lula agora terá que lidar com a pressão de garantir que a política fiscal seja ajustada de forma a evitar uma crise inflacionária que possa prejudicar sua administração.