O Banco Central (BC) aumentou sua taxa de juros (Selic) em 1 ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano, após um maior peso nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) atribuído à opinião de Gabriel Galípolo, futuro presidente da instituição. A mudança de postura foi destacada por Roberto Campos Neto, atual presidente, como uma forma de garantir uma transição tranquila para o novo comando, com as decisões mais recentes refletindo a influência crescente de Galípolo e seus colegas diretores. Campos Neto afirmou que, ao dar maior autonomia a Galípolo nas deliberações, buscava facilitar a passagem do bastão.
Galípolo, por sua vez, indicou que o aumento da Selic e as expectativas de continuidade dessa alta nas próximas reuniões foram decisões tomadas em sintonia com o cenário inflacionário atual, que inclui a pressão da inflação corrente e a depreciação do câmbio. A política monetária do BC está focada em atingir a meta de inflação, mesmo que isso implique manter a taxa de juros em níveis restritivos por tempo indeterminado. A sinalização de continuidade do aumento da Selic visa criar maior previsibilidade para o mercado, principalmente em um momento de instabilidade econômica e fiscal.
O novo presidente do BC também abordou a questão fiscal, mencionando que o governo tem consciência dos desafios fiscais e que os projetos apresentados refletem um diagnóstico realista, apesar das dificuldades para avançar em reformas. Galípolo ressaltou que, embora o Banco Central não deva se envolver diretamente nas políticas fiscais, a reação do mercado às decisões fiscais é um fator importante para a política monetária. O BC também admitiu que a meta de inflação será descumprida em 2024, com o IPCA projetado acima de 4,5%, especialmente devido ao aumento dos preços dos alimentos e à desvalorização do real.