O Banco Central revisou suas projeções para a inflação acumulada nos próximos anos, elevando a estimativa de 3,6% para 4,0% no segundo trimestre de 2026. Esse ajuste indica que a atual trajetória de aumento da taxa Selic, que deve atingir 13,75% até o fim do ciclo, não será suficiente para trazer a inflação ao centro da meta de 3%. Com isso, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a Selic em 1 ponto percentual, de 11,25% para 12,25% ao ano, superando a expectativa do mercado de uma alta de 0,75 ponto. Esse movimento visa garantir a convergência da inflação para as metas estabelecidas ao longo do horizonte relevante da política monetária.
A decisão do Copom reflete uma deterioração das variáveis econômicas observadas, como o aumento da taxa de câmbio, que passou de R$ 5,75 para R$ 5,95, e o crescimento das expectativas de inflação para 2024, 2025 e 2026. As projeções de inflação do comitê para 2024 e 2025 também foram revistas para cima, com a previsão para 2024 subindo de 4,6% para 4,9%, e para 2025, de 3,9% para 4,5%. Além disso, o Copom ajustou as estimativas para os preços administrados, prevendo um aumento superior ao inicialmente esperado para este ano e nos anos seguintes.
Com a alta da Selic, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de juros reais, com 9,48%, ficando atrás apenas da Turquia. Esse cenário evidencia o impacto das políticas monetárias no contexto econômico do país, especialmente quando comparado à média das 40 economias pesquisadas, que apresenta uma taxa real de 1,63%. A elevação da Selic também traz reflexos sobre a taxa neutra de juros no Brasil, que é estimada pelo Banco Central em 4,75%.