Em meio à contínua valorização do dólar, que permanece acima de R$ 6 desde o anúncio do pacote fiscal pelo governo, o Banco Central realizou nesta segunda-feira (16) novas intervenções no mercado cambial. Apesar dos leilões de venda de dólares no valor total de US$ 4,6 bilhões, a moeda americana fechou o dia em alta de 1,03%, cotada a R$ 6,0934, renovando o recorde histórico. A medida visou atender à crescente demanda de empresas por remessas de dividendos ao exterior, mas não foi suficiente para interromper a trajetória de alta do câmbio, que acumula uma valorização superior a 25% no ano.
A desconfiança do mercado em relação à capacidade do governo de cumprir suas metas fiscais tem sido um dos principais fatores que impulsionam a valorização do dólar. O pacote fiscal anunciado recentemente não conseguiu dissipar as incertezas, e, como resposta, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa de juros em 1 ponto percentual, para 12,25%, sinalizando mais aumentos nas próximas reuniões. As expectativas de um cenário fiscal desfavorável, aliadas à incerteza política, geram um viés de alta para a moeda americana e pressionam os juros futuros.
O mercado também acompanha com atenção a agenda política do governo, que inclui a votação de propostas fiscais e da reforma tributária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o governo cumprirá a meta fiscal, mas o tempo para a aprovação das medidas é apertado. Com o recesso parlamentar próximo, há uma pressão para que o pacote de cortes de gastos de R$ 70 bilhões seja aprovado até sexta-feira (20), quando as atividades legislativas devem ser interrompidas até fevereiro de 2025.