O Banco Central do Brasil anunciou uma intervenção histórica no câmbio, com a injeção de aproximadamente US$ 27 bilhões no mercado, uma medida que já gerou efeitos imediatos, como a redução da cotação do dólar. Contudo, a questão do câmbio não é mais o principal problema. O foco agora é a confiança dos agentes econômicos na capacidade do governo em equilibrar as contas públicas e estabilizar a dívida, um desafio que se arrasta há algum tempo e que se agravou pela falta de credibilidade nas ações e declarações das autoridades, especialmente do presidente da República.
O descrédito não surge apenas de decisões pontuais, mas de um processo consolidado ao longo do tempo. A falta de confiança é alimentada pelo panorama geral da política econômica, que não tem sido suficientemente convincente para os mercados e para a população. Embora o Congresso tenha aprovado recentemente algumas medidas de ajuste fiscal, como mudanças no BPC e no salário mínimo, elas não foram suficientes para dissipar as incertezas. Pelo contrário, o esforço político demonstrado para aprovar essas propostas acabou evidenciando as dificuldades do governo em implementar um conjunto econômico coeso e eficaz.
O cenário é delicado para o governo federal, que enfrenta um problema estrutural mais profundo do que simples questões econômicas pontuais. A confiança dos investidores e da população na política econômica precisa ser restaurada por meio de ações concretas e consistentes. O apoio das medidas fiscais, apesar de importantes, não parece ser suficiente para reverter o quadro de desconfiança, que exige, agora, mais do que palavras, uma mudança visível e duradoura na forma como o governo gerencia a economia.