O Banco Central (BC) realizou uma intervenção recorde no mercado cambial nesta quinta-feira (19), vendendo US$ 8 bilhões para conter a desvalorização do real, que vinha sendo pressionado por incertezas fiscais. A medida foi tomada para corrigir distorções no preço do câmbio, com o dólar fechando em queda de 2,30%, a R$ 6,12. Para esta sexta-feira (20), o BC prevê a realização de mais dois leilões de moeda, que podem somar até US$ 7 bilhões. A intervenção ocorreu em um contexto de temor sobre o impacto das medidas fiscais, após o Congresso aprovar um pacote com ajustes menores do que o esperado.
Apesar da desidratação das propostas fiscais, o mercado vê as ações do Banco Central de forma positiva, pois essas medidas forçam o governo a acelerar ajustes nas contas públicas, possivelmente ainda este ano. Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, comentou que a recente alta do dólar não é reflexo de um ataque especulativo, como sugerido por alguns setores políticos, mas sim uma consequência de fatores econômicos e de mercado. Ele ressaltou que o mercado cambial não pode ser tratado como um bloco homogêneo, com ações de uma única direção.
A desancoragem das expectativas de inflação é outro fator que preocupa o Banco Central, especialmente diante do risco de o Brasil ultrapassar a meta de inflação em 2024, o que também pode ocorrer em 2025. O aumento dos preços de alimentos e bens industriais, impulsionado pela alta do dólar, está pressionando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, o BC observa que o ritmo de crescimento econômico e o aumento das concessões de crédito, impulsionados por uma política fiscal expansionista, estão contribuindo para um cenário inflacionário mais desafiador.