O Banco Central (BC) divulgou na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que a recente alta do dólar, superando R$ 6, e as reações do mercado ao anúncio do pacote fiscal impactaram os preços dos ativos financeiros, como o dólar e os juros futuros. O BC indicou que, devido a essas mudanças, será necessário um ajuste adicional na taxa de juros, com um aumento de 1 ponto percentual, elevando a Selic para 12,25% ao ano. O Comitê também previu dois novos aumentos de igual magnitude no início de 2025, caracterizando um “choque de juros” para controlar a inflação. A situação exige uma vigilância mais rigorosa sobre como o câmbio e as condições financeiras afetam a inflação e a atividade econômica.
Em relação ao pacote fiscal, o BC observou que a proposta, que inclui aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda e outros ajustes, gerou uma percepção negativa no mercado financeiro, elevando as expectativas de inflação para os próximos anos. O aumento nas expectativas inflacionárias e o risco de desancoragem das metas de inflação exigem uma postura monetária mais restritiva, como aumento dos juros, para manter a estabilidade econômica. O governo também foi alertado pela autoridade monetária sobre a necessidade de uma política fiscal mais previsível e harmoniosa, de modo a evitar uma elevação ainda maior da taxa de juros.
O Copom também reafirmou que a política fiscal deve ser contracíclica e alinhada com a política monetária para reduzir os impactos sobre a economia. Além disso, destacou que a desaceleração nas reformas estruturais e a incerteza sobre a estabilização da dívida pública podem elevar a taxa de juros neutra, dificultando o controle da inflação e afetando negativamente o crescimento. Apesar do cenário desafiador no exterior, especialmente com o risco de políticas protecionistas nos EUA, o BC continuará monitorando a evolução da inflação e ajustando suas estratégias conforme necessário para atingir a meta de inflação, que para 2024 está estabelecida em 3%.