Pela primeira vez, a bancada evangélica na Câmara dos Deputados enfrenta uma disputa interna para a coordenação do grupo, tradicionalmente definida por consenso. Composta por 219 parlamentares, a bancada viu um cenário de tensão após o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) sinalizar aproximação com o governo atual, o que gerou desconfiança entre alguns membros. Sua postura, aliada à participação em cerimônias com o presidente Lula, fez surgir uma nova candidatura, a de Gilberto Nascimento (PSD-SP), apoiado por líderes religiosos e com conexões com a bancada do PL e PSD.
A candidatura de Otoni de Paula, que busca fortalecer o diálogo com o governo federal, também gerou críticas, especialmente por parte de parlamentares que o associam ao bolsonarismo. O deputado defende que uma aproximação com o governo Lula seria vantajosa para a comunidade evangélica, garantindo um canal de comunicação direto com o Palácio do Planalto. Entretanto, a disputa interna gerou uma impugnação do processo eleitoral, com o adiamento da votação marcada para o dia 11 de dezembro, que pode ocorrer até fevereiro de 2025.
Otoni, que havia aberto mão da candidatura anterior para evitar disputas, criticou a estratégia de adiamento, sugerindo que a decisão reflete a falta de apoio para seus adversários. A coordenação da bancada havia sido dividida de forma alternada entre dois deputados no biênio anterior, mas agora a disputa interna se intensifica, com diferentes alas dentro da bancada evangélica se posicionando em favor de um dos dois candidatos.