Em setembro de 2023, um filhote de baleia-jubarte recém-nascido encalhou na Praia de Manguinhos, no Espírito Santo, gerando uma situação rara e desafiadora para os especialistas. Durante o resgate, a equipe de salvamento, composta por veterinários e biólogos, enfrentou uma difícil decisão: eutanasiar o filhote, como indicava o protocolo na época, ou tentar salvá-lo. A presença da mãe e a boa saúde aparente do filhote, apesar dos ferimentos, levaram os especialistas a arriscar o resgate, o que resultou na devolução bem-sucedida do animal ao mar após mais de seis horas de esforço.
Este incidente se tornou um marco para a mudança no protocolo de resgates de mamíferos aquáticos no Brasil. Antes, o procedimento estabelecia que animais encalhados e visivelmente em sofrimento deveriam ser eutanasiados. No entanto, a história de Jurema, como foi nomeado o filhote, contribuiu para uma revisão nas diretrizes da Rede de Encalhe e Informação de Mamíferos Aquáticos do Brasil (REMAB). Agora, a decisão sobre o destino do animal fica a cargo da equipe veterinária, permitindo uma maior flexibilidade e análise de cada situação individual.
Após o resgate, Jurema foi visto nadando ao lado de sua mãe, um desfecho raro e positivo para a espécie. A identificação do filhote foi possível graças a uma cicatriz visível na nadadeira caudal, que permitiu que os especialistas o localizassem durante o monitoramento posterior. A alteração no protocolo de resgates foi comemorada como uma vitória para a conservação da espécie, já que muitos filhotes não sobrevivem após desencalhamentos devido à perda da mãe ou à falta de intervenção adequada. As autoridades ambientais reforçam, no entanto, que o ideal é acionar os serviços especializados, pois tentar resgatar animais encalhados pode ser perigoso.