O relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre conflitos no campo no primeiro semestre de 2024 revela um aumento significativo na contaminação por agrotóxicos, que passou de 19 casos registrados em 2023 para 182 em 2024. A elevação nos números é atribuída ao crescimento das denúncias feitas pelas comunidades afetadas, resultado de maior conscientização sobre os riscos. As regiões mais impactadas são as áreas de monocultura de soja, milho e algodão no Maranhão, especialmente devido à pulverização aérea de produtos químicos, prática comum durante o ciclo de secagem da soja.
Embora o número total de conflitos agrários tenha diminuído levemente em relação ao ano anterior, a quantidade de incidentes ainda é superior à média registrada entre 2015 e 2022. A maioria dos conflitos continua a envolver disputas por terras, com comunidades de posseiros e indígenas entre os grupos mais afetados. O relatório também aponta que, embora o número de casos de trabalho escravo tenha diminuído em comparação a 2023, a prática permanece uma realidade em diversas regiões do Brasil, com destaque para Minas Gerais e Amazonas.
O aumento de contaminações e os conflitos por terra são destacados como questões centrais, refletindo a tensão nas zonas rurais do país, onde interesses empresariais e questões de posse e uso da terra continuam a gerar disputas. A CPT destaca que, para além dos danos ambientais, as comunidades atingidas pela aplicação de agrotóxicos enfrentam sérios prejuízos à saúde e à qualidade de vida. O relatório também antecipa que os dados coletados no primeiro semestre de 2024 servirão como base para o relatório anual, que será lançado em abril de 2025, oferecendo um panorama atualizado sobre os conflitos no campo brasileiro.